terça-feira, 30 de abril de 2019

Conto 3: O escapismo da Professora!


Conto 3: O escapismo da Professora!

O relógio estava prestes a marcar 12:15 na parede da sala de aula do 7 ano B, os pré-adolescentes na sala agitavam-se com a proximidade do horário da saída da escola Raio do Saber, localizada no centro da cidade.
A instituição era formada por duas áreas sendo uma para o ensino fundamental menor e outra para o fundamental maior e entre elas localizavam-se as quadras e piscinas, as cores do local eram pautadas em tons de amarelo, rosa e laranja dando uma atmosfera positiva e agradável para o ambiente.
Voltando ao 7 ano B, os dois últimos horários eram ministrados por Ada, professora de matemática, no momento sentada na carteira de frente para a sala, guardava suas pastas e materiais de trabalho, os alunos copiavam a atividade do quadro negro enquanto o quadro digital no fundo da sala encontrava-se desligado.
“Terça feira é o pior dia, já não me basta ser matemática ainda tem que ser essa professora” Dizia Rob, um dos alunos com seus cabelos negros bagunçados por já se tratar do fim do dia, enquanto guardava seu caderno em sua bolsa.
“Não precisa exagerar também! Ela é uma boa professora, na verdade o problema esta com vocês e não com ela” Uma garota com cabelos lisos e castanhos na altura dos ombros disse um pouco incomodada com a situação.
“Você não precisa fingir que gosta dela só pra ela te dar mais pontos todo mundo sabe que você é horrível em matemática e fica falando isso pra ver se ela escuta e fica feliz” O garoto disse irritado com a defesa, abrindo sua mochila azul, com alguns detalhes prateados, tirando um aparelho MP3 e desembaraçando os fones.
“Pra sua informação eu não preciso fingir nada, se você tentasse conhecer as pessoas antes de julga-las talvez pudesse pensar diferente” Reclamou a menina enquanto terminava de copiar a ultima questão.
“O Rob e a Gaby estão brigando?” Um garoto sonolento de cabeça baixa perguntou para o menino sentado da garota que escutava a discussão.
“Estão discutindo mais uma vez sobre gostar ou não da professora de matemática, eu não sei muito bem o que pensar então eu só fico quieto como sempre, não faz lá tanta diferença pra mim” Chris disse, possuía olhos castanho-escuros e seu cabelo possuía algumas mechas grandes caindo sob sua testa, porém em volume não era grande coisa.
“Há achei que fosse por outra coisa, mas ninguém gosta dessa mulher mesmo, não sei por que a Gaby ainda insiste em tentar convencer alguém do contrário” O outro disse para si e baixou a cabeça novamente desejando com que o tempo passasse rápido.
Ada escutava a maioria dos alunos dizerem o quanto não gostavam dela sem nem pensar duas vezes, normalmente ela escolhia ignorar, mas hoje em especial aqueles comentários a deixaram sensível.
Ela havia conhecido um possível pretendente e o convidara para sair o que lhe fazia ficar ansiosa para ver o que este lhe respondera, mas ainda não podia verificar seu celular em horário de trabalho, essa situação lhe dava um pouco de confiança, porém com o passar do dia o pessimismo tomou conta de seus pensamentos visto a quantidade de encontros frustrados que tivera nos últimos meses.
“Ele provavelmente nem vai se importar em responder e se responder vai ser que nem os outros e nem aparecer na hora e as meninas todas ocupadas com as vidas delas não vão ter tempo para lidar com as minhas crises” A mulher pensava quando a sirene tocou alto anunciando o fim do horário deixando todos os estudantes empolgados.
Não tardou para a sala estar vazia somente ela e o vento que entrava pela porta aberta, vento este que fazia seus cabelos rosados esvoaçarem um pouco, ajeitando seu óculos e tomando um pouco de coragem deixou a sala com a bolsa atravessada em sua cintura e segurando a pasta com as atividades e a frequência.
Seguindo pelo corredor e dobrando no corredor seguinte, parando no bebedouro para encher sua garrafinha, abrindo em seguida à porta no final do corredor, também conhecida como a sala dos professores.
Indo direto para o seu armário e guardando seus papeis um pouco apressada, pegou o celular, deslizando os dedos sobre a tela ansiosa por abrir o aplicativo de mensagens e ver o que ele respondera.
“Visualizou, porém não respondeu mais...faz três horas, mas talvez ele possa ter se esquecido e depois vai responder confirmando...” Disse para si mesma tentando compensar sua frustração.
Apenas ela encontrava-se no cômodo, seu coração encheu-se de pessimismo e ela devagar fechou a porta assumindo para si mesma a verdade dolorosa, ele não responderia mais e nem sairia com ela.
“Porque eu ainda tenho esperanças? Porque eu ainda me permiti acreditar e ainda me deixei levar como se eu fosse uma adolescente apaixonada! Daqui a pouco preciso ir para a prefeitura ao invés de me preparar estou ocupada ficando mal por besteiras” A mulher disse para si tentando se conformar.
Com a bolsa atravessada em sua cintura saiu do local, sentando-se nas arquibancadas do pátio da escola, tirando seu almoço, o cheiro do arroz e do bife mal passado exalaram assim que retirou a tampa do depósito, enquanto fazia sua refeição pensou em chamar suas amigas para sair e compensar sua frustração de alguma forma e livrar-se da monotonia que vivia sempre e da sensação de vazio que lhe atormentava.
“Vou ver se a Amanda e as meninas estão disponíveis pra ir na hamburgueria artesanal hoje” Comentou empolgada com ninguém em especifico.
No mesmo momento enviou as mensagens convidando-as e em alguns instantes viu todos os convites e propostas que fizera serem recusados um por um, a maioria diziam estar sem tempo, outras estavam sem dinheiro ou disposição e ainda haviam aquelas que coincidentemente marcaram outra coisa no dia e não poderiam comparecer.
“Acho que podemos dizer que hoje definitivamente não é meu dia...” Comentou e guardou o telefone no bolso de uma vez por todas.
Guardando o depósito agora vazio, a professora de matemática agora deixava a escola perdendo seu título de professora e sendo agora uma mulher de curtos cabelos rosas no meio da multidão, utilizava uma blusa marrom com detalhes quadriculados brancos, uma saia preta e sapatilhas vermelhas, seus óculos redondos aumentavam seus olhos castanhos hoje perdidos e sem brilho.
Esse sentimento lhe atormentava a tanto tempo que ela nem conseguia definir um ponto de partida exato para isso, seus pés faziam o caminho de todo dia para a parada enquanto o próprio tempo encarregava-se de colocar o ônibus em seu caminho e ao entrar nele como mágica já estava diante do prédio da prefeitura onde trabalhava como assistente recebendo e checando os papeis, administrando agendas, servindo cafés e escutando reclamações que nem faziam parte do seu trabalho.
Tudo aquilo para ela parecia tão repetido, sua vida era determinada por números e fórmulas que ela era obrigada a ver e planejar e depois vinham à infinidade de papéis e ordens que não possuíam um fim, e não havia retorno.
As crianças e adolescentes eram um lembrete constante do quanto ela era desinteressante agora e embora o ensino deles tivesse melhorado, não importava porque no fim ela não era carismática o suficiente para deixar a turma satisfeita como o antigo professor e era vista somente como um horário chato e descartável.
Toda vez que tentava um encontro com qualquer um, o assunto simplesmente não fluía era como se estivessem travados ou acorrentados, ela podia ver nos olhos de cada um dos caras o desinteresse chegando e após a conta ser paga por um dos dois ela sabia que nunca mais o veria novamente.
Suas amigas elas pareciam estar sem tempo, ou quando tinham pareciam estar sempre ocupadas com os próprios problemas, casa, filhos, maridos e suas vidas pareciam tão encaminhadas que os problemas da professora pareciam ridículos e ela simplesmente optava por não compartilha-los, por mais que no final ela sentisse a gigantesca vontade de desabar, ainda assim ela não o faria e se manteria firme pelo máximo de tempo.
Ada só desejava alguém, alguém capaz de despertar nela um sentimento diferente, um sentimento que lhe mostrasse o quão sua vida podia ser interessante, o quanto ela podia ser interessante e o que exatamente estava valendo a pena, podia ser qualquer pessoa, em qualquer lugar, a qualquer momento, ela estava disposta a encontrar esse alguém.
Como o local final que ainda precisava visitar, Ada agora encontrava-se de frente para um dos principais hospitais da cidade, o hospital James Bradstreet, suas cores pautadas em azul, branco e verde com enfermeiras e funcionários movendo-se de um lado a outro em uma sintonia mecânica, mas até bonita de se observar.
A mulher já não precisava mais identificar-se na recepção, pois se tornara basicamente conhecida no local, girando a catraca e adentrando a ala dos quartos dirigiu-se ao elevador conseguindo entrar antes que este fechasse com mais 4 pessoas, duas delas um homem e uma moça pareciam preocupados com a situação de quem quer que estivesse internado no local.
Enquanto ela e as outras duas pessoas pareciam lidar mais naturalmente com a situação, o elevador parou na ala dos quartos de número 300 e a professora não tardou em saltar dele e rapidamente se encontrava diante do leito 314, respirando fundo, a mulher fechou a mão sobre a maçaneta da porta.
Reunindo coragem ela a girou abrindo e adentrando o cômodo, podia-se dizer que era até espaçoso para um quarto de hospital, com duas poltronas reclináveis e um sofá no fundo do quarto, um frigobar ao lado de uma pequena bancada, a porta do banheiro na lateral do leito e no meio do quarto encontrava-se a cama dele.
“Oi papai, como foi o seu dia?” Perguntou sabendo que não seria respondida.
Colocando sua bolsa na bancada, ela se dirigiu a cama onde seu pai encontrava-se deitado, por mais que fizesse isso todos os dias ainda era difícil acostumar-se, ele costumava ser tão energético e agora nem sequer abria os olhos.
Os fios saiam dos recipientes com as medicações e sumiam cobertos pelo lençol branco, levando a medicação que entrava em contanto com as veias graças aos acessos, ela sabia que estava sendo melhor assim, os últimos surtos que seu pai tivera obrigaram os médicos a o colocarem num estado de coma induzido para que os medicamentos pudessem agir e combater as células cancerígenas.
“Espero que o senhor consiga sair dessa, hoje foi um dia tão complicado pra mim...eu gostaria tanto de conversar...quer dizer eu sei que estamos conversando, mas eu só queria...que me respondesse” Com dificuldade, a garota disse ajoelhando-se e segurando as mãos do pai.
“Como as coisas chegaram nesse ponto? Seria tão bom poder simplesmente voltar no tempo e deixar todo esse sofrimento de lado...sei que costuma dizer que tudo acontece por um propósito, mas as vezes eu sinto que simplesmente eu não sou forte o suficiente pra suportar a chegada desse futuro” Ada admitiu deixando seu coração sangrar por tudo que esteve reprimindo nos últimos dias.
Os fragmentos dos tormentos que surgiam em sua mente se confundiam com as lembranças de um tempo em que ela não precisava se preocupar com nada, uma Ada que outrora existiu, mas que agora não passava de um personagem deixado no passado.
“Eu era tão feliz, sem preocupações...com Fred, Manoel e a Nanda, todos os dias eram brincadeiras, o senhor era  tão feliz, nossa casa e os almoços que mamãe amava preparar todos os dias, as brincadeiras...voltar da escola e depois das atividades tudo que precisávamos fazer pelo resto do dia era encontrar algo que fosse divertido o suficiente pra que nossa imaginação pudesse vagar...” Os cabelos da moça caiam sobre seu rosto, mas ela não se importava em tira-los.
As lágrimas começavam a brotar entre os olhos da mulher e ela não fazia nenhum esforço para as impedir de cair.
“Hoje em dia as preocupações são tantas, a respeito de números, de como vou conseguir continuar custeando esse tratamento e a cada dia eu me sinto mais e mais sozinha e não sei até quando eu posso aguentar as coisas assim...sei que a culpa não é sua e talvez desabar assim não seja o modo como eu deveria lidar, mas eu queria tanto fugir dessa realidade e me sentir bem de novo...se eu pudesse voltar no tempo eu faria tudo diferente pra não chegar até aqui desse jeito...se eu pudesse apenas voltar...” Ada desabou e as lágrimas vieram carregadas de todas as emoções que ela estava reprimindo.
Elas caiam em uma cachoeira molhando o chão enquanto ela segurava a mão de seu pai, apenas o barulho do ar condicionado e os soluços da professora podiam ser ouvidos na sala, os ombros curvados enquanto seus sentimentos eram postos para fora e em seu peito uma dor.
E ao mesmo tempo que possuía uma dor em seu corpo, os desejos dentro de si, voltar no tempo, conseguir se manter bem no presente e conseguir um ainda futuro melhor, o desejo de escapar daquilo tudo e apenas sentir-se bem, esses sentimentos pouco a pouco preenchia cada parte do corpo da mulher.
Da ponta do pé até seus cabelos a mulher sentira um arrepio enquanto esses desejos eram já estavam em sua mente, possuindo cada centímetro do seu cérebro e tudo que ela conseguia pensar estava relacionado à progressão no tempo e no quanto ela queria ser capaz de melhorar as coisas.
O que mexia com o seu emocional, sentia uma dor dentro de si ao mesmo tempo em que uma nostalgia e uma esperança brotaram em si e ela não fazia ideia de onde estava tirando esses sentimentos, mas era certo que eles existiam.
Por fim uma camada de brilho dourado a envolveu, ela não sabia o que aquilo significava, porém a luz aumentava cada vez mais e enquanto isso a professora não sabia se estava sentindo tudo de uma vez ou nada.
Sentia-se cheia de energia agora, ao redor de onde estava ajoelhada, um relógio de bolso era desenhado a partir do brilho dourado saído de si, o relógio visto de cima era lindo e possuía detalhes minunciosamente traçados, Ada olhava ao redor incrédula e de alguma forma ela sabia que aquilo estava vinda dela, porém não compreendia o porque e muito menos como.
Era como se sua aura estivesse se manifestando pela primeira vez, agora uma ansiedade crescia dentro de seu peito, como se alguma coisa muito importante estivesse chegando e nesse momento o relógio de bolso desenhado no chão se iluminou envolvendo a garota num clarão poderoso.
O clarão durou cerca de 15 segundos e Ada sentia algo em seu corpo mudar, era como se uma camada extra de algo que ela não conhecia estivesse sendo adicionada em seu ser e não era uma sensação ruim, sentia como se o tempo fosse seu amigo agora, a noção e a ideia de tempo agora não lhe causavam mais tanto medo e um otimismo repentino também crescia dentro de si.
Após o cessar do clarão, a mulher de cabelos rosados ainda recuperava-se de tudo que havia acontecido.
“Ada! É um prazer conhece-la e uma honra para mim estar aqui, muito prazer” Uma coruja disse surgindo repentinamente ao lado da mulher.
“Q-Q-Quem é você? E como você consegue falar? E o que acabou de acontecer?” Perguntou a mulher confusa, ela estava indecisa se surtava mais com isso ou concluía que era tudo uma alucinação causada pelo estresse, porém aquela Coruja lhe passava uma sensação de conforto.
“Sou Owlkan, você me despertou, você relacionou seus sentimentos com seu profundo desejo de voltar no tempo e conseguir controlar seu futuro de tal forma que todo o seu corpo foi tomado por essa energia e você evoluiu passando a ser uma despertada e eu como seu espirito devo lhe ajudar a lidar com tudo isso como uma extensão de você” A Coruja disse tentando ser o mais explicativa que conseguira.
“Certo...agora além de depressiva e carente eu também sou louca, não acredito que isso seja real” Ada disse ainda cética com o ocorrido.
“Neste caso eu tenho uma péssima noticia para você” Owlkan disse um tanto quanto sarcástica.



sexta-feira, 19 de abril de 2019

Conto 2: A batalha contra os influenciados


Conto 2: A Batalha contra os Influenciados!
Rob e Steve corriam lado a lado pelas ruas da cidade, o garoto de 14 anos na frente do senhor visto que a idade desse último não permitia mais tais atividades com tanta naturalidade, os níveis da energia de influência estavam incrivelmente altos o que estava longe de ser um sinal positivo.
“Essa energia me faz sentir que vou vomitar a qualquer momento...e estou muito enjoado” Reclamou o moreno arfando e passando a mão pelo abdômen.
“Acho que é a primeira vez desde que começamos a treinar que uma onda de influência dessa proporção se manifesta, ela não é capaz de te atingir diretamente, porém até você se acostumar vai lhe causar esse tipo de reação” Explicou o senhor com uma pequena gota de suor deslizando por sua nuca até a gola da camisa social verde-oliva com flores rosa detalhadas.
“Mesmo sem essa reação, é algo horrível de se sentir, é como se algo além do meu corpo estivesse sendo ou querendo ser comprimido o tempo inteiro só que alguma coisa impede que isso aconteça” Detalhou o garoto enquanto corria.
“É por isso que devemos ter cuidado, eu e você podemos influenciar as pessoas e acabar determinado o destino delas, mas ninguém deve obrigar os outros a seguirem algo que não querem mesmo que tenha poder pra isso, não concordo com esse tipo de pensamento e não sei o que você pensa a respeito, mas se esta comigo é porque no mínimo simpatiza com a minha ideia” Steve disse ficando um pouco serio.
Rob ainda não acreditava tanto assim na proporção e no poder das ondas de influências, o menino só acreditaria quando visse as consequências do uso desse tipo de poder na sua frente, o que não estava muito longe de acontecer.
Passaram pela parte mais movimentada da cidade com certa pressa, os vendedores se dividiam em lojinhas e algumas tendas ou barracas armadas com madeira, a senhora dos temperos cumprimentara Rob com simpatia e este devolveu o cumprimento à medida que corria a maioria das pessoas ocupadas com suas vidas mal davam importância aos dois.
“Uma ajuda, por favor, não importa o valor qualquer contribuição vai servir” Um homem pedia sentado na escadaria da biblioteca com um chapéu, com cerca de cinco moedas, em seu colo.
“Droga nós saímos tão rápido que não deu tempo de pegar um centavo, infelizmente não vou poder ajuda-lo hoje” Parando Steve cumprimentou o morador de rua com um sorriso enquanto se explicava.
“Sua intenção já me faz bastante feliz, senhor, muito obrigado” O Homem respondeu sentindo-se bem por alguém ter se importado para falar com ele.
“Vamos logo Steve! Não podemos perder muito tempo com essas distrações lembra!” Avisou o garoto puxando pelo braço do idoso sem nem olhar para o outro e assim continuaram seguindo.
Dobrando na esquina da metalúrgica seguindo até a parte da cidade onde ficavam prédios e condomínios mais luxuosos, as ondas tinham sua origem em um beco que separava dois edifícios, aparentemente as duas habitações compartilhavam o local para depositar o lixo que era recolhido depois pelo sistema de coleta da cidade.
Cerca de quatro lixeiras verdes lotados de lixo povoavam o lugar, duas perto de onde os dois despertados estavam e as outras duas no final do beco, um odor fraco pairava no ar e a fraca iluminação dos postes causava sombras na extensão daquele espaço provocando certo medo no menino e este fazia o possível para não ficar tão longe do senhor enquanto andava.
“A onda que esses influenciados emanam é realmente poderosa, já que até eu estou quase enjoado e isso me preocupa bastante, pois com certeza eles não foram influenciados por um despertado comum” O idoso disse impressionado.
“Argh....essa sensação é horrível, a dor na minha barriga não para de aumentar! E...eu não sabia que a força dos despertados deixa o influenciado mais forte” Rob disse incomodado enquanto tentava conter a dor abraçando a barriga por cima da camisa preta e azul que usava.
“Eu não conheço tão bem as habilidades de um influenciado, mas o poder do despertado influência...” Explicava o mais velho, porém sendo interrompido.
Um barulho foi ouvido por ambos e uma das lixeiras no final do beco tombou como se não pesasse nada, assustando os dois despertados, porém Steve logo tratou de manter sua expressão neutra já que precisava passar alguma calma para Rob, o menino estava à beira de um ataque de pânico.
A pressão que a onda exercia passou a se expandir causando tremores no chão e o vidro dos postes ao redor começava a rachar, erguendo-se, atrás da lixeira derrubada, quatro figuras os encaravam enquanto ambos nem ousavam mexer um musculo sequer.
As figuras revelaram-se como três garotas e um garoto, todos adolescentes, cercados por uma aura negra que se dispunha em seus corpos como um véu de bolhas estourando e se reconstruindo a cada instante, suas cabeças jogadas para trás como se tivessem um peso enorme enquanto as íris focavam para cima vislumbrando algo oculto para os despertados ao mesmo tempo em que passavam a sensação de encarar tudo ao seu redor.
Uma das adolescentes dava alguns passos a frente emitindo sons agudos sem significado algum.
“Precisamos s-s-sair daqui agora senhor Steve” Sussurrou o garoto amedrontado.
“Não faça nenhum movimento brusco ainda e não podemos deixar eles aqui, pode acontecer qualquer coisa com as pessoas ao redor e como despertado eu não vou permitir, porém se sente que deve ir eu não vou impedi-lo” Declarou enquanto mantinha o olhar fixo nos possíveis oponentes.
Rob lembrou-se das ultimas semanas em que passara treinando na casa do senhor, metade das lições o garoto teria desistido da primeira vez e só agora acreditara no quão poderosos os seres que estavam diante dele eram.
“Ele me apoiou mesmo quando eu quis desistir, nunca me obrigou a ficar e dessa forma eu evolui e agora é minha vez de apoia-lo em sua decisão” Decidiu o menino em seus pensamentos.
A empolgação de Rob acabou por aumentar a onda emitida naturalmente por ele e ao senti-la a influenciada que caminhava na direção de ambos soltou um terrível grito agudo, ao mesmo tempo em que jogou a cabeça para trás, seus olhos brilhavam como um farol roxo e o véu de protuberâncias negras que encobria sua pele passou a ganhar a forma de um espectro atrás da menina.
Emitindo gritos graves e agudos, os outros três faziam o mesmo como que por instinto enquanto os espectros se elevavam acima deles, uma massa de fumaça e protuberâncias negras tão macabras quanto eram nojentas.
A garota a frente de todos soltou mais um de seus gritos e o espectro saído de si tratou de forjar um braço enquanto reunia uma esfera feita de uma energia arroxeada e com uma potencia agressiva atirou na direção de ambos os despertados um poderoso feixe que misturava uma estranha fumaça junto da energia.
O ataque rumava ameaçando ambos, o aspirante a musico não tivera outra reação fora gritar e desesperar-se, porém o senhor tomara a frente determinado a defendê-lo.
Limpando uma das mãos na camisa florida que utilizava e concentrando o sentimento de alegria em si uma iluminação esverdeada passou a envolvê-lo, o idoso ergueu ambas as mãos abertas para frente e a energia que o envolvia tomou a forma de uma chama esverdeada.
“Que incrível! Eu não sabia que dava pra fazer um escudo assim, estranhamente me sinto feliz aqui dentro” O garoto constatou vendo que o escudo possuía a forma de uma chama queimando com eles dentro.
O feixe atingiu a chama que protegia os dois despertados dentro dela, a influenciada continuava a gritar e o espectro forçava o ataque tentando derrubar a defesa do senhor, resistindo como podia, Steve mantinha forças em suas pernas e controlava o fluxo da energia mantendo a chama acesa.
Logo a garota interrompeu o ataque buscando recuperar energia, recuando e unindo-se novamente aos seus amigos, os quatro influenciados expandiam a onda que denunciava suas identidades, os espectros animados ergueram-se acima dos quatro soltando esferas fumacentas negras carregadas de poder num poderoso ataque quadruplo.
“Continuar na defensiva não vai adiantar de muita coisa agora!” Sorriu o senhor e o garoto entendeu do que se tratava.
“Desculpe-me por ficar tão desesperado, prometo ser mais útil daqui pra frente, vou lutar com o senhor” Rob sorrindo deu um passo à frente ficando ao lado do mentor.
Ambos os despertados buscaram em si os sentimentos que os tornava maiores que um humano comum, a alegria fluía em Steve como labaredas esverdeadas ao passo que a força de vontade de Rob se erguia como uma linha horizontal de colunas azuis fluorescentes.
Fazendo uma reverencia as chamas desceram pelos pés do idoso queimando à sua frente na forma de um turbilhão enquanto as colunas de Rob reuniram-se numa esfera luminosa acima do garoto, que apontando para frente com a mão direita, disparou um feixe ao lado do turbilhão de chamas.
E em pouco tempo Diwase e Ticsic revelaram-se.
“A situação é um pouco complicada, mas preciso de um escudo Diwase!” Pediu Steve um pouco nervoso enviando uma corrente de chamas para o espirito.
“E lá vamos nós queridos!” Atentando-se ao tom de voz e a situação, a planta sacudiu seu cabelo erguendo as folhas de seu caule enquanto a energia preenchia seu corpo.
Ao seu comando duas raízes que escapavam do vaso em que estava plantada se ergueram quadruplicando de tamanho entrelaçando-se e tomando a forma de um escudo que recebeu o ataque e este se transformou em uma explosão poderosa devido a potencia.
“Eles são poderosos, mas não vão cortar minhas raízes agora!” Motivando-a si mesma Diwase aguentou o golpe mantendo o escudo com dificuldade e derrapando um pouco para perto de Steve.
“Você é incrível, Diwa!” Elogiou o gato sonoro.
“Meu amor, eu sei” A planta recompôs-se de imediato balançando seu cabelo e voltando-se para os adversários.
Com um grito a influenciada, que se destacava como líder do grupo, chamou a atenção daqueles com ela, movendo-se com rapidez os três precipitaram-se para frente ativando o manto de protuberâncias em suas peles alimentando os espectros saídos da costa de cada um dos influenciados.
Os adolescentes moviam seus corpos livres como senão tivessem osso algum enquanto os espectros de forma uma humanoide ganhavam garras e punhos fortificados prontos para atingir os dois espíritos.
“T-Ticsic precisamos impedi-los agora!” Gritou o menino com as pernas bambas.
O garoto despertado acessando seus sentimentos fez surgir um pilar de energia envolvendo o felino musical, ao sentir a energia fluindo e ativando as tatuagens em seu corpo, Ticsic logo ergueu as patas soltando ondas sonoras num formato circular.
As ondas possuíam uma frequência grave e ao entrar em contato com a aura dos espectros, deixava-os totalmente imobilizados no ar, enquanto o garoto e seu espirito se esforçavam para manter aquela situação.
“Acho que o senhor pode a-atacar agora...” Disse com um pouco de dificuldade por conta do esforço que fazia para manter o equilíbrio.
“Sejamos rápidos, Diwase é hora de agir!” Exclamou o senhor fazendo cair do céu uma chuva de chamas ao redor do espirito que tomava a frente da situação.
“É hora do show, meu astral hoje esta mais despertado que qualquer outra alma!” A planta carnívora girava balançando seu coque.
Reunindo toda a energia doada para si, ela ergueu as folhas na extensão de seu caule e o chão passou a tremer, rachando logo em seguida, enquanto raízes de carvalho fortificadas se elevavam na direção dos três adolescentes imobilizados no ar e os envolviam.
“N-Não estou mais...conseguindo aguentar...” Arfava o gato.
“E é agora que vem a mágica” A outra disse sorridente.
Os três influenciados agora estavam envolvidos no abraço das raízes de carvalho e Ticsic cessara seu ataque, com um comando da planta carnívora uma fileira de espinhos surgia por todas as raízes perfurando a pele dos adolescentes e estes se contorciam em agonia.
“Porque eles não estão sangrando?” Perguntou Rob um pouco amedrontado com a brutalidade do golpe.
“O corpo e alma deles esta todo contaminado por essa energia, precisamos dar um jeito de extingui-la para que eles voltem ao normal, influenciados não são humanos, são apenas uma casca contaminada pela alma de outra pessoa e nós devemos trazer de volta a humanidade que lhes foi tirada” Steve explicou num tom mais sombrio do que o habitual, o senhor odiava esse tipo de injustiça com as pessoas e saber que ele também podia fazer isso com os outros caso não tomasse cuidado também o deixava preocupado.
O espirito musical observava a companheira impressionado, mesmo se esforçando os espectros não conseguiam fazer nada contra a força do espirito vegetal em contrapartida se Ticsic parasse por um segundo não teria conseguido mantê-los imobilizados.
“Sinto que não estou fazendo muita diferença aqui...me desculpe por ser tão fraco Rob” O felino dizia triste com sua performance.
“Não se culpe por isso, ainda estamos descobrindo nossos poderes e não podemos ficar aqui sem fazer nada, por isso vamos tentar descobrir no que exatamente podemos ajudar e nos martirizar depois!” O garoto disse decidido.
Foi então que um grito se fez presente, os dois despertados haviam esquecido da quarta influenciada, com um salto ela aproximou-se e ao invés de ataca-los diretamente a garota ergueu os braços atingindo um solo com um potente tapa.
Seus braços encheram-se de protuberâncias e em seguida estas escorreram como ácido contaminando todo o solo e fazendo uma mancha negra surgir e rumar em direção aos dois espíritos.
“Rápido Diwase tente acabar com ao menos um deles e...Rob cuidado!” Gritou o senhor vendo o ataque da adversária.
Antes que pudessem fazer qualquer coisa, a influenciada soltou outro de seus gritos e conforme a mancha negra no chão se expandia o solo explodia na mesma proporção e ao chegar aos pés dos despertados a energia se acumulou e os atingiu com potencia.
Steve conseguiu neutralizar alguns dos danos ao envolver-se com Rob em uma chama esverdeada, porém não conseguiu ajudar os espíritos e a explosão logo surgiu atirando os dois para o começo do beco, os dois apenas com alguns arranhões, diferente do solo que agora estava todo rachado.
Diwase teve seu ataque desfeito e fora jogada dentro de uma lata de lixo enquanto Ticsic estava debaixo dos escombros sem conseguir levantar-se direito.
“HUUAAWWW!” Gritou a garota como uma espécie de ordem.
Seus três servos agora livres das raízes caminhavam lentamente mirando nos dois despertados vulneráveis por conta do golpe anterior, o aspirante a músico ainda de joelhos, mal conseguia se mexer tanto pelo susto quanto pelo dano que havia tomado.
“Droga, eles são realmente poderosos e também não imaginei que fossem tão espertos, foi erro meu por subestima-los” O gentil e calmo senhor, agora começara a entrar em parafuso diante da atual questão.
As protuberâncias surgiam nos braços dos três adolescentes e tomavam a forma de garras negras espectrais enquanto a mais poderosa deles se erguia com seu espectro tomando a forma de uma nuvem negra encobrindo todo o beco.
Das nuvens negras chovia energia espectral absorvida pelos três adolescentes que passaram a correr prontos para encerrar Steve e Rob, as garras brilhavam em tom purpura enquanto secretavam um líquido corrosivo, os três corriam batendo seus corpos nas lixeiras e cortando suas peles nos destroços do solo, mas nada parecia preocupa-los.
O despertado se preparava para defender quando sentiu fortes dores no braço e sua preocupação não deixava com que acessasse os sentimentos que originavam seu poder, o que não era problema para os influenciados visto que continuavam investindo.
“NÃO!!” Diwase gritou saindo do lixo, com o pouco de energia astral que ainda restava, a planta brilhava em esverdeado, no meio das folhas que se conectavam com seu “pescoço” uma linda flor com pétalas douradas desabrochou.
“Diwase, isso é?” Perguntou o senhor.
“Eu estou à 3 anos tentando te proporcionar alegria de todas as formas que eu posso, não vou permitir com que ninguém destrua o que estou tentando preservar!” Ela dizia determinada, flor que desabrochara potencializava seu poder e velocidade de criação, porém ela só teria como usar um golpe.
Diwase ergueu as folhas e o solo nem teve tempo de tremer, pequenas explosões surgiam enquanto o solo era todo rachado por videiras iluminadas e estas logo rumaram contra os três influenciados, conseguindo capturar dois deles, porém o terceiro escapara e se saltou pronto para o golpe final.
Ao identificar o que aconteceria, a planta ignorou os outros dois já capturados e comandou um comboio de videiras laçando a criatura não humana no meio do ar, fazendo brotar espinhos e perfurando todo o corpo do influenciado tratando de eliminar toda a corrupção de dentro do ser deixando-o inconsciente e o atirando no chão com todas as feridas já curadas e sem mais forças Diwase desmaiara.
“Isso foi incrível, ela conseguiu derrotar um deles com apenas um golpe, mas agora o que vamos fazer, Ticsic! Eu preciso de ajuda, por favor levante-se!” Gritou Rob se mantendo de pé com dificuldade ao lado de Steve.
Ainda restavam três influenciados, agora irritados com a derrota de um deles, os espectros aumentavam ainda mais de tamanho enquanto os adolescentes pareciam pensar no que poderiam fazer para conseguirem se vingar a altura.
“É por isso que não se deve deixar crianças e idosos brincarem sozinhos, eles podem se machucar” Uma voz um tanto quanto apática, porém debochada dizia atrás deles.
Os dois despertados acompanharam enquanto ao redor de ambos, gotículas de água retiradas da umidade do ar se tornavam visíveis como se alguém resolvera parar o tempo naquele exato momento.
Elas dançavam se concentrando acima de todos no beco em um pequeno lago no meio do ar, era uma vista um tanto quanto incrível, Steve e Rob estavam curiosos para descobrir quem era o responsável por isso e ao virarem depararam-se com um garoto um pouco mais velho que Rob.
“V-Você?” O aspirante a músico dissera surpreso.
Os cabelos prateados do garoto esvoaçavam à medida que ele movimentava os braços a energia de sua alma manifestava-se através de bolhas criadas por ele mesmo, elas surgiam ao seu redor brilhando em um azul turquesa que era refletido em seu olho também azul, vestia uma camisa estampada com um escudo, bermuda lisa e tênis acinzentados.
Controlava as bolhas em direção a uma pequena tartaruga bípede diante de si, possuía apenas as nadadeiras dianteiras grandes e em suas pernas utilizava galochas amarelas, a linha do meio em seu casco era decorada com espinhos enquanto em sua testa estavam óculos de mergulho presos por uma faixa.
“Mizuno sei que vamos conseguir” Disse o garoto tranquilo.
“Tudo bem, Anthony, eu confio em você, prefere a chuva ou outro tipo de ataque?” Perguntou a pequena tartaruga.
“Faça como você achar melhor, mas ataque apenas os dois primeiros, deixe a garota por ultimo” Alertou o prateado.
Mizuno envolvida pela energia, ergueu as duas nadadeiras e as baixou de uma vez, enquanto Rob e Steve acompanhavam impressionados com a técnica, o lago flutuante começou a se desfazer pouco a pouco, a medida que gotas afiadas como laminas desciam dos céus atingindo os dois servos da garota.
Atravessando todo o corpo dos dois influenciados e os lavando por dentro deixando-os desmaiados logo em seguida ao lado do primeiro que havia sido nocauteado por Diwase.
“Agora vamos finalizar, Mizuno uma tromba d’agua e rápido” Gritou Anthony logo em seguida.
Com um grito de ódio a garota se impulsionou na direção de Rob e Steve, porem focando no terceiro despertado, a tartaruga não tardou em reagir fazendo o solo abaixo de si ser inundado e movendo suas nadadeiras para simular uma onda fez com que a água se unisse inteira e partisse em direção a garota.
Das costas dela asas espectrais se formaram permitindo com que desviasse do ataque e fosse ainda mais rápido na direção dos três.
“Divida!” Gritou o garoto.
Mizuno abriu os braços e a concentração de água se dividiu em dois feixes e ambos atingiram a influenciada no meio do ar, em seguida a tartaruga aprisionou a adversaria em uma bolha enquanto lavava as impurezas dentro dela, a influenciada gritava em agonia, mas logo ficara inconsciente e fora atirada no chão junto com os outros.
“Essa influenciada era realmente poderosa, acho que melhorei bastante em velocidade de reação” A criatura marinha dizia orgulhosa de si.
“Claro que melhorou, meus parabéns! E vocês...vocês deram sorte, eu senti a energia de vocês em combate quando estava passando para comprar um lápis, da próxima vez que quiserem atuar como heróis certifiquem-se de que podem realmente ganhar” Avisou o garoto.
“Muito obrigado pela ajuda...Anthony, estamos em divida com você e espero poder retribuir o favor algum dia desses” Steve agradeceu formalmente.
Já Rob, ele mal conseguia acreditar que aquele garoto também era um despertado e tinha acabado de salvar sua vida, ele morava em sua rua e estava sempre sozinho e nunca brincava com os outros meninos, o moreno e seus amigos costumavam falar muitas coisas sobre Anthony e agora Rob sentia-se envergonhado e nem conseguia expressar gratidão.
Talvez ele devesse realmente mudar seu pensamento sobre algumas pessoas.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Capitulo 26: Traumas das Ondas! Hau e os surfistas!

Notas Iniciais: Hiiiiiiiiii, em primeiro lugar eu queria dizer que estou muito feliz de poder escrever pela segunda vez esse evento completo, desculpem por qualquer erro desde já, esse capitulo parecia tão longe na minha mente e agora já chegou xD.


Capitulo 26: Traumas das Ondas! Hau e os surfistas!

A manhã no centro pokemon tinha acabado de começar e os preparativos de Hau para seu campeonato também, o surfista andava de um lado pro outro lembrando as combinações, com Áqua conversando com Regina e lhe explicando mais detalhadamente os rounds.

“Cherubi, Petal Blizzard!” Mallow gritou para a cereja que assentiu “Steenee, Magical Leaf e Dhelmise Shadow Ball!” Gritou novamente para os dois outros.





Cherubi ergueu sua folha e balançou, enquanto ela brilhava, criando uma nevasca de pétalas que com grande poder, Steenee ergueu suas mãos criando esferas luminosas, com alguns giros ergueu as mãos soltando uma grande rajada de folhas brilhantes ao passo que Dhelmise girou criando um arco de esferas negras e atirou todas na direção dos golpes.

Os ataques colidiram todos ao mesmo tempo criando uma nuvem de fumaça junto de um poderoso pulso de vento se expandindo pelo campo de batalha.



“Vocês estão indo muito bem! Agora, Dhelmise Energy Ball e Steenee rebata com Stomp!” A garota pediu e seus pokemons assentiram novamente.

Também dentro do centro pokemon estava Lillie que segurava suas três pokebolas, havia preparado um pequeno fichário para apresentar Mimikyu aos outros, ela contou a história do pokemon para os outros e deduziu que seria uma adaptação difícil para ele.



“Muito bem, Litten, Rowlet e Mimikyu, por favor, saiam!” Lillie gritou erguendo as três pokebolas e atirando todas no ar imediatamente.

Feixes brancos sairam delas enquanto os três pokemons surgiam um atrás do outros, sendo que os dois primeiros estranharam a presença do terceiro, o pokemon cosplay se virou para os outros cumprimentando.



“Litten e Rowlet, esse é o Mimikyu, ele não esta acostumado a viver com companhia então sejam cautelosos com ele...” A loira se interrompeu ao ver.



Mimikyu ergueu duas garras sombrias e abraçou os dois novos companheiros.

“Kyu-Kyu-Kyu!” Falou entusiasmado em conhece-lo.

“Lit-nya...” Litten resmungava com o abraço.

“Rowlet-ROOOW!” A coruja dizia animada com o novo parceiro.



“Droga...eu pensei que a adaptação do Mimikyu fosse ser mais difícil, gastei horas do meu sono pensando em formas de faze-lo se enturmar...” Lillie decepcionada com a inutilidade do seu plano.



“Kyu!” O fantasma disse erguendo uma garra sombria e abraçando Lillie.

A garota o tirou do chão e o abraçou, já tinha visto pela pokedex que Mimikyu’s geralmente sempre andavam com aquela fantasia e que não gostavam de tira-la, portanto não questionou seu novo pokemon quanto a isso.

“Então esse é o seu novo pokemon?” Hau perguntou parando ao lado dela.

“Sim, é o Mimikyu, achei que ele fosse ser pior, mas se adaptou muito bem” A garota disse já orgulhosa.

“Sempre quis tirar a fantasia de um Mimikyu!” O garoto disse se preparando para o fazer.

“KYU!” O mesmo ergueu a garra e empurrou o surfista para longe o fazendo cair perto de uma parede.

“E sempre acontece o mesmo...” Hau resmungou.

Áqua e Regina socializavam com Mimikyu que não tardou muito para abraça-las e demonstrar o enorme afeto que estava disposto a dar, o fantasma só precisava de uma companheira pra mostrar seu lado amigável e assim que encontrou Lillie se sentiu bem para fazer isso novamente.

“Muito bem, Mimikyu você sabe o que são contest pokemon?” Perguntou a loira.

“Mimi-mimi” Negou com a cabeça.

“Bem, sente aqui do meu lado que vou lhe falar tudo sobre o mundo dos contest, ou pelo menos tudo que eu descobri até agora” A garota disse e o fantasma obedeceu e ela começou a explicar tudo com Litten e Rowlet.

Hau saiu do centro pokemon, e observou por um tempo o treinamento de Mallow.

“É incrível como ela ataca e comanda seus pokemons, mesmo nervosa para a batalha que pode definir sua carreira como Captain, tenho inveja dela por ter aprendido a controlar seus sentimentos na frente dos seus pokemons” O surfista dizia de longe fitando a garota.

“Pop-Pop?” A foca perguntou preocupada.

“Sim, eu não consigo esconder meus sentimentos de vocês, estava preocupado que não tivesse tido tempo para batalhar bem com Regina, mas confio plenamente em vocês dois e vocês são meus companheiros nessa jornada” Hau disse sorrindo.

“Brux-Brux” Regina concordou sem emoção, porém o garoto já tinha aprendido a entender isso.

“Lio-Pop” Áqua sorriu feliz pelo treinador.

“Quero me tornar o maior surfista, mas caso eu não consiga, eu só quero surfar e ser reconhecido por isso, me tornar o melhor será uma consequência disso, Tsuni é um grande rival e podem existir piores lá, mas o que aprendi com a minha derrota anterior, é que por pior que eu possa ser, também posso ser o melhor, esse começo será difícil, mas prometo manter as coisas sobre controle” Hau disse fitando os dois companheiros que assentiram



Logo chegaram na praia, havia bem mais arquibancadas do que na competição de Hau’Oli, o palco se encontrava ao lado dos lugares para o público que já se sentava preenchendo as cadeiras, e abaixo do palco, havia uma área com assentos de madeira destinada aos surfistas que ali estavam.

“Estamos torcendo por você, Hau!” Mallow encorajou o garoto.

“Faça o seu melhor, lembre-se de todo o treinamento” Lillie disse.

Ambas foram na direção das arquibancadas, enquanto o garoto colocou sua prancha junto das outras e se dirigiu para o lugar dos surfistas abaixo do palco, encontrando novamente competidores que pareciam tão bons quanto ele.



“Hau! Você esta atrasado, achei que não vinha mais cara!” Tsuni disse cumprimentando o garoto.



“Tsuni...” O esverdeado disse um pouco envergonhado com a quantidade olhares que recaia sobre ele, havia dois surfistas ao lado de Tsuni.

“Esse ai não é o sufrista de Hau’Oli, em ultimo lugar na lista de surf” Um homem mais velho e malhado comentava com alguns amigos ao redor.

“Se eu não passar, pelo menos vou me sair melhor que aquele ali, Medina vai fazer o favor de reprova-lo” Uma garota cochichava com o amigo e uma menina.

O esverdeado baixou a cabeça sentando-se perto do rosado e seus amigos que o encararam, a garota possuindo cabelos azuis e vestindo um maiô colocou a mão no ombro do garoto.



“Seu começo foi horrível” A menina disse.



“DORI!” Repreendeu o garoto.

Hau sorriu com a tentativa de anima-lo, eles eram horríveis, mas eram verdadeiros.



“Ele sorriu não esta vendo, Oscar?” A garota argumentou.



“Deve ter sido por pena!” Oscar rebateu.



“Eles dois vivem brigando, aliás, eles são Dori e Oscar, são dois amigos meus, Oscar tem um símbolo e Dori ainda não tem, é a segunda competição dela” Tsuni explicou.



“Não parecem ser pessoas ruins...eu...eu só não esperava que acabaria sendo desse jeito, todos acham que vou fracassar, ninguém acredita em mim” Hau disse.



“Eu não diria ninguém, Lillie e Mallow estão torcendo por você, eu estou torcendo por você e Oscar e Dori também não te julgaram, levante a cabeça, você não pode se arrepender do que fez agora, tem que pensar no que vai fazer pra mudar isso daqui há pouco” Tsuni disse.



“Não lembro do que eu estava falando, mas eu também ainda não venci, não fique tão desesperado, é o meu segundo Campeonato também” Dori disse sorrindo.



“É o meu terceiro, mas eu estou te apoiando também, tem muita gente te julgando, porém tem aqueles que se preocupam, agora relaxe um pouco que vai começar a apresentação” Oscar disse e ambos deram um highfive.

Hau se sentiu mais confiante com o apoio do adversário, mesmo um deles sendo aquele que mais temia, porém Tsuni parecia ser tão confiável que deixou suas inseguranças de lado, em vez disso focou em uma garota que parecia solitária ali, ela segurava suas pokebolas com bastante zelo e parecia ansiosa para a competição começar.



No palco uma figura já conhecida surgiu, erguendo os braços e sendo aplaudido pela plateia se voltando para o mar saudou a todos:



“Alola, Melemele! Então Brothers, começa mais uma Competição de Surf, dessa vez na linda praia de Iki Town, como vocês todos estão ligados, é necessário que o surfista consiga 4 símbolos para se classificar para o mundial, a primeira etapa do processo esta prestes a finalizar, portanto corram para conseguir seus símbolos!” Gabriel avisou.

O senhor fez uma pausa enquanto a musica fluía pelo lugar, apresentando Medina que surgiu se colocando em seu lugar de jurado no palco, ao lado de Morgana e por fim Kiawe, o outro convidado desistiu no ultimo instante por conta de um compromisso e o Trial Captain acabou assumindo o lugar dele.


“Kiawe...” Mallow disse cerrando os punhos no assento.

“Mallow, acalme-se, você não esta aqui por seu objetivo hoje, viemos torcer pelo Hau, lembra?” Lillie perguntou acalmando a garota.

“Tem razão, mas ainda me da raiva e uma pontada de magoa por tudo que aconteceu...” A Captain disse um pouco abalada.

“Sei, deve ser difícil suportar tudo, mas você tem uma batalha contra Hala e além disso esse é o momento do Hau, tente se controlar um pouco” Advertiu a loira.



“Como já sabem, Brô, será tudo dividido em baterias, só que nesse Campeonato em especial, serão 5 surfistas em cada uma das 4 baterias, e ainda não chegamos na fase de ter 8 classificados, o que significa que somente um surfista das quatro baterias poderá passar, Brother, a dificuldade aumentou por isso segurem suas pranchas pra não levar um caldo ou uma vaca” Gabriel disse e todos sorriram.

“5 surfistas numa mesma bateria?” Hau perguntou impressionado.

“Acalme-se, Hau, o que te falei sobre ficar nervoso demais” Tsuni disse tentando reconforta-lo.
“Pra você é fácil dizer, você já tem um símbolo!” O garoto rebateu vendo a expressão preocupada no rosto de Dori que disfarçou.



“Muito bem, e já temos informações sobre a primeira bateria, e são esses cinco surfistas que droparão as ondas primeiro!” Gabriel apontou pro telão.

A primeira foto a aparecer foi a de Hau, seguida do homem que o havia chamado de sufrista que se chamava Ted, depois duas garotas Molly e Micka, e por fim um garoto um pouco menor que o esverdeado chamado Toy.


“Olha, olha o que temos aqui, parece que alguém resolveu dar as caras, só espero que tenha cuidado, o mar dos surfistas não é lugar para criancinhas brincarem” Medina disse e todos sorriram sabendo exatamente de quem se tratava.

“Uma bateria bastante promissora, porém o primeiro...estou curioso pra ver o que ele vai fazer” Morgana admitiu.

“Ele teve coragem o suficiente para voltar, o que significa que preparou algo, ou pelo menos eu espero” Kiawe comentou.

Todos os cinco surfistas da primeira bateria se dirigiram para o mar, ficando lado a lado esperando o comando de Gabriel para ver quem começaria.



“Muito bem, a ordem será de acordo com que chamei, portanto o primeiro a se apresentar é Hau! Da cidade de Hau’Oli City, esta em ultimo no ranking de surfistas e veio novamente tentar, o que será que ele preparou para nós hoje?” Gabriel perguntou para a plateia.

“Eu sinceramente espero que seja melhor do que a anterior, caso desrespeite novamente a comunidade de surfistas, vou te desclassificar não só dessa, como de todas as outras!” Medina disse autoritário.

“Não acha que esta exagerando um pouco, Medina?” Morgana interveio.

“Fique quieta! Você também ficou irritada com ele!” O juiz rebateu e ambos começaram a discutir.





Hau se dirigiu ao mar, a água cumprimentando seus pés a medida que a mare ia e voltava na própria areia, era possível sentir o peso dos olhares e o quanto as opiniões alheais caiam sobre seus ombros.

Suspirou e deixou a prancha que carregava abaixo dos ombros cair sobre a areia, enquanto sua mão tirava a pokebola do bolso, com um rápido movimento, colocou o pé para trás e ergueu o braço soltando a esfera no ar.



“Muito bem, Regina! O mar nos espera!” Gritou a medida que a esfera se abria soltando um feixe revelando a psíquica dos mares flutuando ao seu lado.

“Brux...” Disse um pouco nervosa, mas sem demonstrar abertamente.

“Acalme-se, eu também estou morrendo de medo, mas vamos juntos como treinamos ok?” O garoto perguntou sorrindo para seu pokemon que assentiu.

Pegou a prancha do chão e começou a remar se dirigindo ao meio do mar, os pensamentos vagando em sua mente, Tsuni lutando no ultimo campeonato, as falas dos outros competidores, e também lembrou de Lillie e Mallow, as duas estavam ali lhe apoiando e ele não precisava se preocupar quanto a isso.

Uma onda se formava e avançava na direção do garoto, Regina nadava em meio ao mar ao seu lado, ambos trocaram olhares e assentiram um para o outro.

Com velocidade, o garoto tomou impulso usando os braços e ficou de pé, estalando os dedos e Regina parou as nadadeiras, Hau avançava ao passo que a psíquica escancarava a boca e soltava um esguicho de água fazendo, o surfista avançava com velocidade.

“Incrível! Hau avançava como se desafiasse a onda!” Gabriel comentou e até Medina prestava atenção para ver o que ele faria a seguir.

Respirou fundo se concentrando quando o esguicho parou e ele se encontrava diante da onda, forçando seu pé da frente, girando o corpo e apoiando com o de trás, fez com que a prancha fizesse uma curva, em seguida colocou os dois pés na parte traseira da prancha, esperando o momento certo para fazer.

“Regina!” Gritou erguendo a mão.

Regina saltou imediatamente e ergueu a cauda brilhando soltando um turbilhão de água na direção do garoto, concentrando-se imediatamente na direção do ataque, pos um pé para frente e fazendo o balanço, a prancha curvou e espirrou uma grande quantidade de água.

No mesmo momento curvou para o outro lado espirrando mais água e realizando uma rasgada na parede da onda, o jurado não teve o que falar e todos ficaram quietos, esperando o final da performance que viria.

“Vamos finalizar, Psychokinesis e Saikofangu!” Gritou o garoto.

A psíquica saltou sorrindo, deixando a plateia horrorizada por um momento, e mergulhou, a onda ganhou um tom roxo incrivelmente lindo e logo após mandíbulas psíquicas surgiam como se fossem piranhas brotando para fora de um rio.

O garoto abriu os braços por um tempo, dando uma visão incrível do garoto, enquanto Regina saltava por cima da onda sorrindo, o que não deixou a plateia satisfeita, ao fim da onda se desequilibrou, e com cuidado retomou o controle conseguindo seguir pela espuma da onda e finalmente cair na água, finalizando a apresentação.

Assim que surgiu novamente o garoto testemunhou toda a plateia aplaudindo sua apresentação, uma lágrima escorreu pelos olhos de Regina que tentou disfarçar, ao mesmo tempo que Hau já chorava.



“Ai, ele conseguiu finalizar a apresentação! MARAVILHOSO!” Lillie gritou.



“Ele foi muito bom, a performance foi muito incrível” Mallow disse aplaudindo.

Tsuni observava todos contrariados com as expectativas que tinham para a performance de Hau, o rosado sorriu aplaudindo o amigo, assim como Dori e Oscar.



“Incrível, brô, divertida e cativante performance, diferente da primeira, Hau mandou uma incrível atuação,  tah certo que ele ficou meio lá meio cá no final, mas vamos ver o que os jurados acham!” Gabriel gritou abrindo os braços.

“Foi uma performance incrivelmente divertida, diferente da primeira ele mostrou muito mais capacidade e suas manobras combinadas com os movimentos de sua adorável Bruxish, minha nota é 9,5” Morgana finalizou sua critica.

“Os movimentos foram ótimos e incrivelmente fluidos, imagino que a pressão psicológica que enfrentou poderia ser um grande fator para acabar com sua performance, mas não foi isso que aconteceu, adorei o pokemon e também o surfista...minha nota é 9,5” Kiawe disse e todos sorriram.

“Esse ultimo comentário, Kiawe, foi um pouco comprometedor, espero que não tenha atribuído outros valores para sua critica” Provocou Gabriel.

“Claro que não, meu julgamento é sempre imparcial, foi somente um comentário, mas eu não garanto nada ok” Disse levantando as mãos para o alto.

Parecia um sonho para o esverdeado, conseguira realizar a performance e agora Kiawe não só o elogiara como demonstrara um pequeno interesse, ele não pode evitar soltar um gritinho de empolgação.

“Xish...” O peixe o fitou.

“Ai credo, Regina, não posso evitar essa viadagem” Hau disse e a mesma sacudiu a cabeça, logo faltava somente Medina.

O jurado batia com uma caneta na madeira dos acentos do jure, enquanto coçava a cabeça, finalmente voltando seu olhar para o garoto, enquanto todos esperavam que ele falasse.

“Eu te acho um surfista horrível, e ao mesmo tempo muito bom, a primeira impressão que me passou foi péssima, mas só o fato de vir aqui me desafiar de novo me deixou impressionado, são poucos os que fazem isso, e dessa vez você me surpreendeu, você conquistou um 6,5 hoje, garoto, na próxima acredito que pode ser pior, ou quem sabe melhor” Medina finalizou e todos aplaudiram de pé.



“Incrível! Medina só acrescentou mais 5 décimos na competição passada e foi somente em um competidor, e agora Hau conseguiu de primeira, com as notas dos juízes totaliza: 25,5 pontos! Será que ele se manterá em primeiro até o fim da bateria?” Gabriel perguntou para a plateia que respondeu com gritos.


“Conseguimos 25 pontos! Regina você é maravilhosa!” Hau gritou abraçando a psíquica.

“Xish Xish!” Comemorou a mesma sem mudar sua expressão.

Ambos sairam da água quando Gabriel anunciou Ted como o próximo participante da bateria, assim que sairam da água, o homem esbarrou propositalmente no esverdeado, o fazendo desequilibrar.

Ted estava acompanhado por um Machop e ambos fizeram uma performance cheia de aéreos, porém o lutador acabou não se destacando o que tirou pontos da apresentação do homem, o fazendo ficar com 22 pontos.

Uma das garotas levou um caldo e a outra atingiu 19 pontos, sua Whismur andava na prancha com ela, porém se desequilibrou e caiu na água no fim da performance.

“BROTHER! Da só uma olhada naqueles movimentos do brô, Toy!” Gabriel comentava.

O pequeno Toy surgia na prancha com seu Teddiursa, surfando com destreza e habilidade, fazendo força com seus pés para que a prancha deslizasse pela parede sem fugir do lugar, o pequeno urso concentrava esferas negras e atirava pelo ar.

“Ele é muito bom! O modo como se move pelas ondas é muito bom, ele tem chances de ficar com mais pontos do que eu!” Hau disse impressionado com a técnica do garoto e ao mesmo tempo preocupado.

Toy esperava que a onda formasse um tubo, o que não aconteceu, e ele acabou por encerrar a performance quando a onda se desfez imediatamente.

“Muito bem, Brô, como é a ultima nota, os jurados não vão falar nada, bora conferir o resultado no aqui no quadro classificatório!” Gabriel anunciou.

Os cinco surfistas se viraram, com o coração de Hau batendo ansioso, o ultimo lugar foi Micka que levou um caldo e foi desclassificada, Molly em 4 lugar com 19 pontos, Ted com 22 pontos e por fim o segundo lugar.


“VAI QUEBRANDO TAPU KOKO TODO ESSE MAL E ME FAÇA ASCENDER AQUI EM TEU NOME, ROGO COM TODO O MEU CORAÇÃO E DESESPERO, PEDINDO TEU INTERMEDIO NESSE RESULTADO...” O surfista rezava desesperado.

Toy em segundo lugar com 25 pontos e Hau em primeiro com 25,5.

“Por 5 décimos, o vencedor da bateria é Hau! Que passa para a segunda rodada da competição! E esse foi o final da primeira bateria, faremos uma pausa e logo após teremos a segunda bateria!” Gabriel anunciou.


“AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA” O garoto gritou enquanto caia de joelhos no chão da praia.

“MEU DEUS, ELE PASSOU! AI QUE MARAVILHA!” Mallow gritou abraçando Lillie e ambas surtando em seus assentos.

“Não acredito que eu passei...estou no segundo round mesmo! Alguém me segura eu não to bem” O garoto chegou aos assentos destinados aos surfistas.

“Parabéns! Agora precisamos alcançar você!” Dori disse abraçando-o.

“Belo trabalho, já que abriu a competição, não vou deixar barato pra você! Prepare-se!” Tsuni disse desafiando-o.

“Muito menos eu, sou o mais experiente aqui, é quase óbvio que estarei no segundo round!” Oscar se gabou um pouco incomodado com o sucesso do garoto.

Hau nem acreditava, ele havia passado a primeira fase, já era um começo, mas a próxima fase ele poderia ser facilmente superado, pegando a pokebola de Regina, ele a abraçou com força tentando transmitir seus sentimentos.



“É hora da ultima da bateria, é ela! Teve péssimos desempenhos nos dois campeonatos que participou, Yvonne Gabriella!” Gritou o apresentador.

“Quem é ela?” Hau perguntou.


“Ela foi horrível nas duas vezes que participou e recebeu uma avaliação quase tão ruim quanto a sua, todos a ignoram e a consideram incapacitada, talvez seja só isso que ela seja mesmo” Oscar disse com uma voz debochada.

“Você não esta julgando ela rápido demais...se ela voltou é porque sente que pode evoluir, ela é quase como eu...” O esverdeado interveio.


“Hau...acho que você tem razão, ainda não tinha pensado por esse lado, espero que ela vá bem, VAI YVONNE!” Dori gritou dos assentos.

“O que você esta fazendo?!” Oscar gritou ultrajado.

“Ela deve estar quase desistindo com o fracasso, se ninguém a incentivar ela pode acabar indo e tendo mais uma derrota ridícula” Dori argumentou.



“Faz sentido, VAI YVONNE!” Hau gritou junto com a garota, enquanto Oscar ficava irritado e Tsuni não se pronunciava a respeito.



A garota se encontrava na praia com a prancha debaixo dos braços e uma pokebola em mãos, ela já tinha fracassado duas vezes e entrar na água ali com todos tendo a certeza que ela fracassaria parecia horrível.

Ela havia treinado muito mais, mas ainda se sentia impotente, Medina nem fizera questão de dizer o quanto ela era desprezível, ela desistiria, não tinha porque se humilhar daquele modo, quando escutou dois gritos.

Se virou e viu o garoto que passara para o segundo round na primeira bateria e uma menina, eles gritavam para ela continuar e diferente das outras zueiras, eles falavam diretamente com ela e serio.




“E-Eles estão torcendo por mim! Certo eu preciso tentar uma ultima vez, aqui vamos nós, Mido!” Ela gritou animada se voltando para a água e soltando a pokebola do seu monstrinho.



Um Treecko foi liberado e ele subiu no ombro da garota, com os gritos dos dois surfistas a menina partiu em disparada para o mar, Yvonne se concentrou quando uma onda se formava e ela se preparava para ir em direção a ela.

“Será que Yvonne vai conseguir dropar a onda? Da ultima vez ela foi desclassificada por cair antes de surfar sobre a onda” Gabriel comentou.

Porém ela confiou em si mesma por uma ultima vez.

“Mido, Pound!” A garota gritou pegando o pequeno Treecko e o arremessando para o ar.


O mesmo deu cambalhotas e ergueu sua cauda soltando um tapa na água causando vários respingos enquanto a garota surfou sobre a ondulação formada e pegou novamente o lagarto e em seguida dropou a onda mantendo os dois pés equilibrados.

Ela usava o pé da frente para manobrar a prancha e com o outro realizava curtas surfando ao longo da onda ergueu o braço e comandou.


“Mido, Absorb agora!” Yvonne gritou.


O lagarto saltou em meio ao ar e invocou esferas brilhantes e as conteve enviando ao longo da onda, a garota desviou de todas com precisão se abaixando quando necessário e seus pés guiavam a prancha pela onda de modo que ela subia cada vez mais pela parede da onda.

“BRÔ! Os movimentos dela são insanos, seus pés são ágeis e se mexem direitinho com a prancha, e assim Yvonne segue dominando os mares!” Gabriel comenta.

“DESLIZA NA CARA DAS INIMIGAS E VAAAAAI DEMAAAAIS!” Hau e Dori gritavam pulando e agitando as mãos da arquibancada dos surfistas.

“Não acredito que vocês escutam Allexya Lyandra...” Oscar reclamou.

“E quem não escuta?” Tsuni perguntou sorrindo.



Por fim a garota se reuniu com seu Treecko e tomando um impulso mandando um aéreo e jogou Mido para o alto, o lagarto uniu as mãos criando uma esfera de energia natural e soltou no ar causando uma explosão de brilho e encerrou a performance com ambos surfando pela espuma das ondas e em seguida terminando no mar.

“Muito bem! Veremos o placar final dos jurados, quem será que passou para a segunda fase!” Gabriel apontou para o painel.

Yvonne Gabriella 26 pontos

Rafael 25,7 pontos

Marilia 23 pontos

Roxie 22 pontos

Tai 20 pontos.



“E surpreendendo a todos! Yvonne Gabriella consegue a vitória com 26 pontos e é a segunda participante a superar sua bateria, se classificando para o segundo round!” Gabriel gritou e todos aplaudiram a garota.


“MIDO, CONSEGUIMOS!” Yvonne gritou abraçando o pequeno lagarto que chorava de felicidade.

“Não sei o que você e o Hau tomaram hoje, mas me surpreenderam e espero que continuem a fazer isso sempre, caso contrário já sabem o destino de vocês!” Medina disse autoritário.

“Aye!” A garota respondeu correndo na direção da arquibancada recebendo olhares de desaprovação de alguns surfistas, restavam somente 12 ali agora.

Yvonne abraçou Hau e Dori com força e ambos foram surpreendidos confortando a garota que chorava de emoção.

“Obrigado pelo que fizeram! Eu não sei porque resolveram me apoiar, mas foi tão importante pra mim! Me fez sentir tão...capaz e eu não posso agradecer de outra forma por essa colocação, eu gostaria de ceder a vitória a um de vocês no segundo round, mas infelizmente não posso, ainda assim obrigado!” A surfista dizia uma palavra atrás da outra eufórica.

“Tree-Tree-Ko-Ko-Tree!” Mido agradecia da mesma forma que a treinadora.




A terceira bateria passou voando, Dori foi a terceira e deslizou pelas ondas com sua Feebas chamada Fátima e ambas conseguiram uma incrível pontuação de 26,5 pontos, a mais alta do Campeonato até então, Hau achava que seu 25,5 fora alto e acabou se surpreendendo que ainda tinha muito o que melhorar.



“E a vencedora da terceira bateria foi...Dori! Parabéns garota, agora resta apenas uma bateria e quem será o ultimo dos 4 surfistas restantes na competição?” Gabriel perguntou.

Dori voltou para a arquibancada, enquanto ela e os dois davam seus hightouch e gritavam de empolgação.


“Isso...isso não está certo! Eu tenho um símbolo e os outros também são mais experientes, porque um monte de surfistas vão lutar comigo no próximo round?” Oscar se perguntava irritado com a vitória dos outros.

“Oscar? Você esta bem?” Tsuni perguntou.

“Olha, nós provavelmente vamos ficar na mesma bateria, então trate de sair do meu caminho, eu vou vencer isso!” Oscar disse ríspido.

“Qual seu problema, eu só fiz uma pergunta!” O rosado se defendeu e o outro ignorou.

Ambos se posicionaram junto aos 5 últimos surfistas, Oscar foi o 4.

O garoto deslizava pelas ondas ao lado de seu Buizel, porém sua mente não se concentrava no que fazia, estava fissurado em vencer.

“Não posso perder isso! Preciso vencer esse campeonato, Dori não pode competir comigo, Hau não pode competir comigo e muito menos aquela Yvonne!” O garoto se perdia em pensamentos quando errou uma troca de pernas errando a manobra e caindo em meio a onda.

“Bui Bui!” Buizel gritou preocupado e mergulhou nas águas trazendo seu treinador de volta.

Assim que chegaram a areia, o garoto viu os olhos de Medina enquanto ele o desclassificava sem dizer uma palavra.

“NÃO!” Gritou desesperado de ódio e socando o chão.

“Bui...” A fuinha de água amedrontou-se enquanto o outro se levantava e saia dali.

“Muito bem senhores e senhoras, o ultimo surfista a se apresentar nessa praia hoje, será Tsuni!” Gabriel apresentou logo em seguida.




O rosado ciente dos olhares em si, se dirigiu a água animado e sem deixar sua prancha cair soltou a pokebola de Mr.Poi que não tardou a se juntar a ele.



“Aqui vamos nós!” Tsuni gritou e remou na prancha ao lado do companheiro enquanto todos acompanhavam.

Uma onda se ergueu majestosa indo ao encontro do garoto, porém antes de estar perto o suficiente, Tsuni se ergueu em sua prancha e abriu os braços.

“Surf!” Gritou sorrindo.


Mr.Poi saltou das águas e seus cristais brilharam e uma onda se formou enquanto o rosado surfava por cima dela impressionando a todos, seus pés se mantinham fixos controlando os movimentos da prancha enquanto ele se mantinha.


As duas ondas se chocaram e criaram uma confusão de água, Tsuni sorriu e mergulhou ao lado do amigo que destruía ondas fortes demais e o garoto atravessava manobrando por entre o mar revolto com a ajuda de seu companheiro desbravavam o mar.

“Isso...isso...é impossível!” Hau disse completamente maravilhado pela performance.

“Tsuni é muito bom, quero estar no nível dele ou melhor” Dori suspirou.

“Ainda tenho muito a treinar...ele deve saber balancear muito bem o medo que sente, pois isso deve exigir muito dele” Yvonne comentava também maravilhada.


O esverdeado observou o modo que Tsuni controlava seus pés, que Mr.Poi se unia a performance e como deslizavam sobre as águas, anotando mentalmente tudo e desejando um dia poder fazer aquilo, ainda tinha um longo caminho para percorrer, mas estava disposto e via ao seu redor que suas amigas sentiam o mesmo.

“E o vencedor da ultima bateria é nada mais, nada menos que Tsuni com incríveis 28 pontos! A pontuação mais alta do campeonato!” Gabriel anunciou.

Tsuni voltou para a arquibancada encontrando Hau, Dori e Yvonne completamente extasiados, assim que se sentou ao lado do esverdeado, ele não resistiu em perguntar.

“C-Como você fez aquilo? E-Eu não consegui tirar os olhos de você!” Hau disse surpreso.

“Muita prática, Mr.Poi e eu juramos sermos os melhores, só estou cumprindo minha promessa” Tsuni disse um pouco mais serio do que de costume, porém tocado com o fato de Hau não tirar os olhos dele.

“Os quatro surfistas que sobreviveram a competição já foram escolhidos! São eles Hau com 25,5 pontos! Yvonne com 26 pontos! Dori com 26,5 pontos e Tsuni com 28 pontos! Todos eles superaram os 4 surfistas de suas baterias, porém agora o desafio é outro e esse desafio são batalhas!” Gabriel anunciou e se voltou para o telão que mostrou quem eles enfrentariam.

Hau vs Yvonne e Tsuni vs Dori.

“E são essas as duas batalhas que definirão os dois grandes finalistas desse campeonato, quem irá sobreviver no mar até o final e ganhar o símbolo da maré de Iki Town? Você confere no próximo capitulo!” Gabriel gritou sorrindo.


Notas Finais: Bem! Espero que tenham gostado desse capitulo, o campeonato de surf finalmente acontecendo e Hau conseguiu se classificar para a próxima fase! Mas será que ele vai conseguir vencer?

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Conto 3: O escapismo da Professora! O relógio estava prestes a marcar 12:15 na parede da sala de aula do 7 ano B, os pré-adolescentes ...